quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Artigo publicado: Ética

A acadêmica Paula Tomaz, do curso de Jornalismo da Unisul, encaminhou à Agcom um artigo que desenvolveu a partir de uma aula de Legislação e Ética. O artigo está publicado abaixo e também no jornal O Popular, de Imbituba. Se você escreve artigos ou crônicas, encaminhe-os para nós aqui.

Ética no Jornalismo
Paula Tomaz
Edição e revisão: Agcom

Televisão, rádio, jornal, revista são meios de comunicação que deveriam ser confiáveis, levando-se em conta que um código de ética regula o comportamento destes veículos e dos profissionais de comunicação. Além disso, devia haver nestes meios o dever de não ferir valores morais, sociais e culturais no exercício da profissão.

Lembro de discutir este assunto no primeiro semestre da faculdade de Jornalismo. Por exemplo, sobre a função do jornalista, que é "somente" captar os fatos, interpretá-los e por fim transmiti-los à sociedade, que tem o direito de ter acesso à informação confiável.

Ou seja, o jornalista está vinculado ao compromisso fundamental de buscar a verdade dos fatos. Pode-se dizer, então que jornalismo é o discurso da realidade. Porém, infelizmente, estas coisas não mudam a realidade de alguns jornalistas que mostram não terem de fato aprendido o que é ético.

Este aprendizado começa na faculdade de Jornalismo, com a disciplina Legislação e Ética, responsável por eu ter escrito este artigo, diante de um episódio que me chamou muito a atenção.

Certa vez, durante a aula, o meu professor narrou a seguinte história fictícia:

"No estacionamento da faculdade, um carro, ao ser manobrado, bate em outro, quebrando o retrovisor deste..."

Em seguida, ele pede para que nos coloquemos na situação do motorista que dirigia o carro que bateu e quebrou o retrovisor do outro automóvel. Não havia ninguém por perto, logo, ninguém viu. Depois, o professor pede para respondermos o que faríamos diante desta situação, nos dando duas opções de resposta: "procuraríamos o dono do carro para arcar com o prejuízo ou fugiríamos, já que, ninguém assistiu à batida?"

A maioria respondeu que fugiria. Teve até uma resposta curiosa, que considero interessante citar só para abrir mais uma reflexão. Ela dizia assim, não com as mesmas palavras, mas no mesmo contexto: "se eu estivesse em uma situação financeira boa, ou seja, tivesse condições de pagar, procuraria o cara, mas caso contrário, também fugiria".

O professor agradeceu a sinceridade, mas salientou que a maioria agiria de forma não ética e que se fosse uma questão de prova, a maioria teria dado a resposta errada. Logo após, ele cria mais uma situação:

"Uma determinada jornalista escreve para um determinado jornal sobre política. Ela tem um caso com um político às escondidas e usa o jornal para promovê-lo. O escândalo só é descoberto quando ela esta em um outro jornal, escrevendo também sobre política. Você é o editor-chefe do jornal para o qual a jornalista trabalha agora. O que você faz? A demiti ou não?"

Alguém sugeriu remanejá-la para uma coluna social, por exemplo, que não envolve política. Alguns responderam que não, sob o argumento que todos merecemos uma segunda chance. Mas a maioria respondeu que sim, ainda que depois alguns confessaram que mentiram para acertarem.

E daí levantou-se uma outra discussão sobre ter que mentir para acertar as questões na prova e ser aprovado nesta disciplina. Então não posso ser sincero, tenho que não ser ético para passar? Imaginar o que eu não faria e daí esta é a reposta certa?

Mas mentir e não ser sincero não é ético. Falar a verdade e ser sincero é. Estas questões que para alguns serviam de argumentos para não ser ético, é que alimentavam a discussão. Porém, isso não vai fazer com que as respostas não éticas a respeito dos episódios citados acima passem a ser aceitáveis.

Com aquela discussão, consegui ver a importância da disciplina Legislação e Ética para os alunos do curso de Jornalismo.

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