Ao todo, cinco estados brasileiros foram os destinos dos 180 universitários que participam da operação de inverno do Projeto Rondon. Um desses locais é Santa Luzia do Pará, onde está um grupo de estudantes da Unisul, entre eles Lucas Lemos, aluno do 6º semestre de Jornalismo, que fez o seguinte relato para o Mural.com.Texto e fotos por Lucas LemosO calor de 35ºC é freqüente. Nem mesmo quando o sol se põe a temperatura fica menor que 25ºC. O jeans não é roupa básica. Não se proteger do Sol é considerado um problema de saúde. No fim de semana, onde há rio ou mar, várias pessoas se banham para aliviar o calor. O verão chegou, mas não é no Sul. A região em questão é o Norte do país, onde alguns universitários do Sul de Santa Catarina realizam um curso intensivo de Brasil.

A distância não é uma barreira para o conhecimento. Desde o último dia 11, o Ministério da Defesa, da Educação e algumas prefeituras brasileiras iniciaram mais uma etapa do Projeto Rondon. Entre os 180 universitários que participam, estão mais de 30 estudantes de SC. O retorno destes grupos deve ocorrer somente no dia 27.
O objetivo do projeto é integrar os estudantes às diferentes comunidades brasileiras. Assim, as informações recebidas nas universidades são repassadas para alguns agentes multiplicadores. A escolha dos locais acontece conforme a necessidade da população.
Em Santa Luzia, onde o Sul se faz presente, já é a segunda vez que o Rondon é desenvolvido. A primeira viagem foi realizada em janeiro, por um outro grupo de acadêmicos. Agora, outras pessoas da mesma universidade dão continuidade aos trabalhos.
A recepção foi calorosa. A população recebeu o grupo muito bem. “Apesar dos problemas de saneamento e saúde, o povo é muito feliz”, relata a estudante de Enfermagem, Raquel Shcuelter.
Apesar do grupo ter saído de Santa Catarina no dia 11, a chegada na cidade de destino ocorreu somente no domingo, dia 13. De uma ponta a outra, houve visitação aos monumentos do Distrito Federal e da capital do Pará.
Além de Raquel e eu, a Unisul também é representada por Alexandre Felisbino, Juliana Bergmann, Simara Michaelsen, Tiago Afonso e as professoras Gilmara Medeiros e Daniella Koch.

Em Belém, os rondonistas se depararam com o tecno-brega, que é o ritmo mais popular na região Norte. No interior, ele é ainda mais presente. Até mesmo as músicas de campanha eleitoral são feitas neste estilo musical. Boa parte das canções são adaptações das composições que fazem sucesso no resto do país.
Durante a troca de experiências, a desigualdade social é o aspecto mais aparente. Enquanto na capital do Brasil há setores dividindo os diferentes poderes públicos e classes sociais, em Belém a miséria e a riqueza estão misturadas no Centro da cidade.
Há pichações até mesmo nos prédios mais altos. Para as classes econômicas menos favorecidas, a opção é comprar alimentos, roupas e eletrônicos em uma das maiores feiras da América Latina, chamada de Ver-o-Peso. As pessoas que estão em situação oposta aproveitam a noite para comprar em um dos dois shopping da cidade.
Conforme os estudantes, em Santa Luzia não há prédios monumentais, nem mesmo mansões. As compras são feitas em pequenas lojas e mercearias espalhadas às margens da BR-316. A carne é fornecida em açougues que colocam o produto em exposição na rua. Tanto as moscas nos alimentos, quanto os urubus nas ruas não assustam a população.
Os profissionais de saúde que atuam em Santa Luzia não residem na cidade morena. A maioria deles é de Belém ou de Capanema - o segundo município mais importante do estado. Por causa disso, há o revezamento constante das equipes de enfermeiros e médicos. As pessoas que mais acompanham a comunidade são os agentes comunitários.
Já que residem na área em que trabalham, a maioria das capacitações preparadas pelos alunos da Unisul estão voltadas para eles. Uma dessas palestras foi na manhã de quinta-feira, dia 17. “Eles tem uma necessidade de aprendizado. Porém, faltam encontros com este objetivo. Por isso, conseguimos uma participação efetiva. Já no Sul, percebemos que há muitas opções para o aprendizado, mas falta interesse do público-alvo”, observa a estudante de Enfermagem Simara Michaelsen.
Emoção na abertura do ProjetoReunidos no centro comunitário da Universidade de Brasília (UNB), rondonistas, representantes do governo e dos estudantes realizaram uma comemoração aos 41 anos do projeto. A festividade ocorreu no último dia 12, minutos antes da equipe de universitários e professores partir para Belém.

Entre as autoridades presentes estava o idealizador do projeto, Wilson Choeri, e o presidente em exercício, José de Alencar. “Essa idéia não pode parar”, expressou Sheren durante o discurso aos participantes do projeto.
Além da cerimônia com o governo, uma outra homenagem foi prestada aos estudantes voluntários. Após uma noite no Pará, o 2º Batalhão de Infantaria na Selva (BIS) realizou uma apresentação de formação de tropa. Com a execução do hino nacional e a exemplificação da disciplina mantida nos quartéis, houve quem chorasse por conta do patriotismo despertado com estas ações.