segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Jornalismo popular torna-se razão de vida

Publicado originalmente no portal da Unisul em 05/06/2008.
Ex-aluno da Unisul, Giancarlo Baraúna é hoje editor-chefe de um dos maiores jornais de Santa Catarina

Das primeiras experiências como locutor da rádio 96 FM em Morro da Fumaça até a chefia de edição do Jornal Hora de Santa Catarina passaram-se treze anos. Durante esse tempo o criciumense Giancarlo Baraúna fez muita coisa. Começou a faculdade de Engenharia de Agrimensura, formou-se em Jornalismo na Unisul e realizou pós- graduação na área. Foi repórter de polícia, assessor de imprensa e radialista. Hoje, trabalhando como editor-chefe, Baraúna defende o jornalismo popular como uma forma de educar a população.

O primeiro contato do criciumense com a comunicação ocorreu em 1995, logo após sair do exército. Baraúna trabalhou na 96 FM de Morro da Fumaça como locutor. O interesse pela área foi crescendo de tal maneira que o levou a largar a sexta fase do curso de Engenharia de Agrimensura para prestar vestibular para Jornalismo na Unisul de Tubarão.

Da graduação, ele guarda boas lembranças. "Foi nesse momento que construí amizades sólidas", relembra o jornalista, que passou a infância longe de Criciúma, enfrentado a cada inverno o frio da Serra Catarinense, em Lages.

Durante a universidade, Baraúna aventurou-se por assessorias de imprensa. "Fundei três jornais mensais, um em Treze de Maio, um em Nova Veneza e outro em Forquilhinha. Os jornais tiveram a duração de um ano e foram extintos quando saí da empresa de assessoria", recorda. Mas, o primeiro emprego como jornalista formado foi como repórter policial para o Jornal da Manhã de Criciúma, veículo em que foi editor-chefe durante dois anos.

A chefia de edição do jornal Hora de Santa Catarina, veiculado exclusivamente na Grande Florianópolis, voltado para as classes C, D e E, é o novo desafio na carreira dele, responsável por todo o conteúdo publicado no segundo jornal mais vendido do Estado, que imprime diariamente 35 mil exemplares.

"Foi complicado por se tratar de um público que eu não conhecia e nem tinha contato direto. Porém, o desafio mesmo é inovar diariamente, fazer algo que atraia, informe e respeite o leitor", defende o jornalista.

Para quem imagina que a rotina de produção do jornal é fácil, o editor-chefe lembra que seu trabalho vai das 13h às 23h30min, com dois domingos de plantão. Cabe a ele, também, uma parte da função administrativa do jornal.

"Coisas que, infelizmente, não aprendemos em uma universidade de comunicação, mas que são fundamentais para a vida de um profissional", conta Baraúna, que passa a manhã, em casa, ouvindo a rádio CBN e acessando a internet em busca de notícias.

No Hora de Santa Catarina, trabalham 29 profissionais que, de acordo com o editor, fazem diferença no jornalismo popular por causa da competência e dedicação ao projeto.

"Fomos pioneiros no Estado ao lançar o primeiro jornal do gênero com qualidade no mercado e, hoje, quase dois anos após o lançamento, continuamos fazendo o sucesso da primeira edição", frisa o jornalista, que busca conscientizar a equipe da importância de conhecer o leitor, saber o que ele está pensando e sentindo.

"Temos que conversar com as pessoas tendo sempre em mente que nossos leitores não compram apenas papel pintado, mas compram acesso a uma informação que pode melhorar sua vida", ensina Baraúna, que vê o jornalista como um profissional que deve ter vocação para servir a sociedade.

O jornalismo popular é defendido pelo editor-chefe como uma informação que tem o poder de mudar a vida dos leitores, porque garante a eles o direito ao conhecimento. Tudo isso ocorre, segundo o jornalista, devido aos baixos custos do jornal e aos textos simples e focados no cotidiano do leitor.

"O jornal popular ganha uma importância tão grande na sociedade quanto o acesso aos serviços como saúde, segurança e transporte públicos", considera.

Aos novos profissionais, Baraúna lembra que o jornalismo não pode mais ser visto apenas como texto e foto. Para ele, hoje o jornalista deve entender que o infográfico, a arte, a pintura e os boxes são tão importantes quanto o texto em si. O jornalista ainda lembra que quando saiu da universidade, sua missão era de procurar pela notícia. "Atualmente, temos que classificar a informação, escolher o que será mais importante, tamanha é a quantidade de notícias recebidas", conta.

Para quem vai entrar no mercado, Baraúna frisa que a dependência dos meios de comunicação, do telefone e da internet, não deve ser levada como essencial na profissão.

"O jornalista precisa gostar de pessoas, gostar de ouvir histórias de gente real e não apenas da leitura feita pelos sites de busca ou de entrevistas através de um telefone", defende, planejando um dia, talvez, dar aulas a futuros jornalistas.

"Ajudar a formar profissionais é um desafio tão grande quanto colocar na rua um jornal diário, ambos pela responsabilidade que se tem ao lidar com vidas alheias", reflete. Por enquanto, ele pretende continuar aprendendo sobre a linguagem popular, para garantir, dessa forma, uma melhora na qualidade do jornalismo produzido no Estado.

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