Por Thiago Oliveira
A última palestra do 2º Plus – Festival Universitário de Comunicação – foi bastante disputada. Tanto que havia diversos alunos de outros cursos, e também de outras universidades. Todos queriam conferir o que o publicitário e professor de comunicação digital da Universidade de São Paulo (USP) tinha a dizer.
Tanto na coletiva que ele concedeu, quanto na palestra, ele fez questão de afirmar que a publicidade é uma coisa ruim, um incômodo.
“Ninguém compra nada baseado em anúncio. Propaganda é uma árvore morta que ainda não caiu. É uma coisa antiga, e ainda assim, nas escolas de comunicação, insistem em ensinar coisas antigas que em pouco tempo vão ficar, ou já são, obsoletas”, afirmou.
Para Radfahrer, as faculdades não estão preparando alunos para as novas mídias. “Não adianta ensinar técnicas que logo ficarão antigas. Tem que ensinar psicologia, sociologia, e não coisas que vão sair de uso. Prática ele vai aprender na rua. O aluno tem que entender que as disciplinas que ele menos gosta, as menos práticas, são as mais importantes, por que essas não vão mudar”.
Na opinião de Radfahrer a propaganda não interfere em nada na decisão de compra do consumidor.
“Se você quer comprar um carro, você vai pesquisar no Google ou no Orkut, e não no site do carro. A Fiat tem um site lindo, mas que ninguém visita, porque não interessa a ninguém. Mas se esse site ensinasse mecânica ou direção defensiva, as coisas seriam diferentes e todos sairiam ganhando”, disse.
Novas mídias
Quanto às novas mídias, Radfahrer disse que o avanço da comunicação digital deve vir dos celulares e não da Internet.
“Quarenta milhões de pessoas tem acesso a internet no Brasil. Mas para que? Pra entrar no Orkut, no MSN e fazer downloads. A internet para o brasileiro é apenas entretenimento. Já o celular atinge ainda mais pessoas, e é utilizado de maneira mais proveitosa, então as atenções devem estar em cima dele”.
Quando perguntado sobre TV Digital, o publicitário disse que ela só vai ser útil no momento em que o espectador tiver controle total sobre o conteúdo, em outras palavras, quando ele puder ter o YouTube ao alcance do controle da televisão.
Na palestra, Radfahrer afirmou que a velocidade de conexão de internet ficou muito mais importante do que a velocidade de processamento do computador. Para ele, o meio digital é o espaço em que as pessoas podem realizar a sua necessidade de se expressar.
“Falam muito de blogs, mas não são eles que têm valor. O que vale é o ato de blogar, de falar, de gritar, de mostrar que somos pessoas e queremos ser ouvidas. O homem sempre quis isso, mas nem sempre teve o espaço, e é essa a grande importância do meio digital”, completou.
Sobre as tendências, Radfahrer afirmou que elas diminuem as diferenças entre as pessoas, mas deu o aviso:
“Uma nova tendência é como uma onda. Se você quiser pegá-la, tem que ser enquanto ela ainda não se formou, já que o que hoje é novidade, amanhã provavelmente estará velho”.
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