segunda-feira, 10 de maio de 2010

Rafael Matos: Jornalismo em todas as versões

Lilian Demo - 1º semestre


Rafael Matos passou por todas as principais áreas de atuação no Jornalismo. Fez parte de assessorias de imprensa, rádio, jornal impresso, portais online e telejornalismo. Trabalhou em grandes empresas do ramo, mas, com a vontade de expandir os conhecimentos na Língua Inglesa, decidiu mudar-se para o Canadá, onde permaneceu por cerca de um ano e meio estudando e trabalhando em um jornal da região. Ainda no exterior, deixou de lado os editoriais de esporte, que durante muito tempo foram o foco da carreira.

A volta a Tubarão e as novas oportunidades que surgiram fizeram com que Matos mudasse completamente o rumo da vida profissional. O jornalista formado em 1996, na primeira turma do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Unisul campus de Tubarão, agora é professor do curso em que se formou, diretor de Jornalismo da Unisul TV e blogueiro independente.

Você trabalhou na RBS TV há alguns anos. Como está sendo essa volta para a televisão?

Eu já trabalhava em jornais em Criciúma e Araranguá desde 1990. Então, tive a oportunidade de trabalhar na RBS. Comecei lá uns três meses antes da formatura, em 1996. No ano de 2000, eu saí para trabalhar em rádio e depois voltei para o jornal, em um projeto de um terceiro jornal diário em Criciúma. Depois disso é que me mudei para o Canadá, fiquei lá um ano e meio. Queria estudar Inglês e morar no exterior.

Você chegou a trabalhar na área de comunicação no Canadá?

Sim. Trabalhei em um jornal de Língua Portuguesa lá chamado “Negócios”, que era voltado para comerciantes portugueses da região de Toronto, que é onde eu morava. Em 2003, voltei ao Brasil para morar em Tubarão e trabalhar exclusivamente na Unisul. Fui coordenador de Jornalismo da AGCOM, fui para o antigo SIC (Sistema Integrado de Comunicação, atual Comunicação & Marketing – C&M) e hoje eu estou na televisão. Para mim, ter voltado para a televisão foi natural. Eu nunca escolhi mídia ou disse: “Ah, eu só queria trabalhar se for nessa mídia”. Para mim, tudo é Jornalismo.

Como é o seu trabalho como diretor de Jornalismo da Unisul TV?

O trabalho é tentar primeiro manter uma linha de trabalho responsável. Desde a inauguração, o reitor sempre disse: “A TV não é da Unisul, a TV é da comunidade”. Manter essa linha editorial e tentar aprimorar dentro do possível alguns programas que de são de minha responsabilidade. Hoje, eu acabo fazendo também a parte de comentários políticos dentro da programação.

Você tem um blog bastante conhecido. Como surgiu a ideia de criá-lo?

Quando surgiram os blogs, resolvi criar um para escrever coisas normais. Depois, eu comecei a usá-lo para publicar trabalhos dos alunos e ter um lugar para centralizar o que eles produziam nas aulas de rádio e de telejornalismo. No ano passado, comecei a puxar o blog também para o meu lado profissional. Como jornalista, levando informações da política da cidade e da região, mas sem perder também foco nas aulas, através das opções do menu, onde existem links para trabalhos dos alunos, além do serviço que eu realizei no UnisulHoje, no antigo SIC e para a TV, que é onde eu trabalho hoje. Mantendo o lado profissional e nas aulas.

Você direcionou a sua carreira um pouco para o lado político, pelo que se pode perceber pelo blog. Como surgiu esse interesse pela política?

Sempre trabalhei com esporte ou editoria geral. Na RBS, comecei com geral e depois fui para o esporte e fiquei uns seis ou sete anos. Na Unisul TV, surgiu uma oportunidade de mediar os debates políticos e daí as coisas foram acontecendo.

Na sua opinião, essa questão da notícia através de blogs e sites na Internet deixa o jornalista mais com a contextualização da noticia?

Com certeza. Porque o fato em si qualquer um pode noticiar, divulgar. Há um ano ou dois, eu publiquei um artigo em um portal de Criciúma sobre isso. Hoje em dia, não tem mais tornado do que antigamente. Existe mais celular para as pessoas registrarem. Deu um temporal ali, qualquer um vai registrar com um celular e colocar na Internet. E
achamos que tem mais temporal, mas não: sempre teve temporal. Só que há seis ou sete anos não tinha tanto celular com câmera, não tinha Twitter. Ontem à noite (a entrevista foi realizada no final de abril), por exemplo, um deputado estadual catarinense foi assaltado em uma rua de São José. Na hora, ele avisou pelo Twitter. Coincidiu que eu estava na Internet em casa e na hora eu fiquei sabendo. Não é que tem mais assalto. O que acontece hoje em dia é que as pessoas contam mais. Ele foi assaltado e contou.

A questão da violência. É grande o número de jornalistas presos ou mortos por milícias. O que você pensa sobre isso?

O que difere o jornalista de uma pessoa comum é a capacidade de contextualizar que a maioria talvez não tenha. Temos que ter a consciência de que não é uma cobertura normal. É uma situação quase de guerra civil e o jornalista tem que se proteger, usar um colete à prova de balas para subir o morro. Tem que cuidar de si próprio. Um caso que eu me lembro é o do José Hamilton Ribeiro. Ele é jornalista, trabalha para o Globo Rural e perdeu uma perna cobrindo a Guerra no Vietnã. Tem uma frase que ele sempre fala e agora, se eu não me engano, o genro dele foi cobrir a guerra do golfo e a mensagem que ele deu para o genro dele foi a seguinte: “Jornalista bom volta vivo. Não adianta ir para guerra morrer, virar herói e não voltar para contar a história. Jornalista bom volta para contar a história”. É muito importante a segurança. Não tem sentido entrar no morro, se sujeitar a situações de risco e não voltar para contar a história.

Foto: Tubacity.

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