terça-feira, 6 de julho de 2010

Calouros de Comunicação se engajam no social

Daiana Carvalho – 1º semestre

Calouros do Curso de Comunicação Social da Unisul de Tubarão visitaram entidades beneficentes na penúltima semana de junho. A visita foi através do projeto Calouro Solidário, desenvolvido a fim de abolir o trote violento e constrangedor aos calouros, ingressantes na universidade, objetivando integrar os alunos e inseri-los na sociedade, promovendo o exercício da cidadania.

Em 2010, o campus de Tubarão abriu duas novas turmas para o curso de Comunicação Social, sendo uma de Jornalismo (JNL) e outra de Publicidade e Propaganda (PP), as quais engajaram-se no projeto e fecharam o 1º semestre com as visitas simbólicas e a entrega de donativos às entidades apoiadas.

No dia 22, terça-feira, acompanhada da professora regente, Carla Beatriz Souza Lopes, da coordenadora do curso, Darlete Cardoso, e das organizadoras do evento, Regina Meurer Thomaz e Abegail Miranda, a turma de JNL visitou o Albergue Pousada da Paz, ofereceu um jantar especial, com buffet de frutas e saladas aos albergados.


Turma de Jornalismo

No decorrer do jantar, os acadêmicos interagiram com os 17 albergados, que ali pernoitaram naquela noite e também fizeram a visitação das novas instalações do albergue, que após 14 anos de funcionamento acabara de passar por reforma e ampliação.

O jovem albergado Romoaldo Moraes, de 21 anos, ex-dependente químico, falou sobre a vida dele e da importância dos projetos solidários. “Hoje estou livre das drogas. Passei um tempo no cento de recuperação “Vida Jovem”, em Içara, onde encontrei muita gente com problemas, mas todos juntos encontramos o caminho da recuperação e da espiritualidade. O apoio das pessoas que se colocam nesses lugares para nos ajudar é muito importante”.

Romoaldo enfatiza a importância da família no processo de recuperação. “Às vezes, o problema não está em nós, está do nosso lado, com nosso pai, com nossa mãe, e eles não enxergam que os filhos estão sofrendo, gritando por socorro, eles têm que acordar e ver que o filho está se afundando. E quando ele começa a se recuperar, tem que ajudar, porque na rua eu já ouvi muitas histórias, de pessoas que tentaram mudar e não foram ajudadas, acabaram morrendo ou entrando para o mundo da violência”.

O projeto de criação do albergue foi do atual vice-presidente da entidade, Edgar José Farias, na época oficial da Policia Militar. Sensibilizou-se com as circunstâncias do desamparo social e sentiu a necessidade de um lugar para levar as pessoas que estavam nas ruas à noite, sem ter onde dormir.

Farias comenta o quão é importante o amparo e proteção social das pessoas que vivem na rua. “Oferecer banho, jantar, pernoite, café matinal, roupas, propiciar o atendimento fraterno, bem como a assistência na proteção social especial de alta complexidade e encaminhamento a órgãos competentes de casos e necessidades específicas é muito importante”.

A estudante de JNL Heloiza Abreu da Silva (ouça a entrevista) ressalta o valor do contato com as pessoas de diferentes classes sociais. “A solidariedade e a cidadania também estão presentes na universidade e isso para o nosso curso é fundamental, porque jornalista tem que ser uma pessoa neutra, ele não pode ter preconceito e isso é demonstrado no projeto”.

Maria Salete Cavaler Garcia, uma das responsáveis pela administração do local, relatou que desenvolver projetos do tipo traz uma sensação de bem estar muito grande e que, para boa parte das pessoas amparadas no local, o albergue é um ponto de refúgio, para aqueles que vivem nas ruas, tiveram algum problema familiar, amoroso, profissional, ou até mesmo doença psicológica ou dependência química e na maioria das vezes vivem vagando, em busca de ajuda, de uma oportunidade para recomeçar.

Para Salete, a universidade, ao inserir acadêmicos nas questões de assistência social, oportuniza experiências além da programação pedagógica de cada curso. “Jovens, acadêmicos, profissionais envolvidos com trabalhos de solidariedade em momentos festivos como ocorre no Calouro Solidário, farão, seguramente, pessoas mais sensíveis às necessidades alheias, às carências que se instalam ao redor e que precisam de um olhar profundo para enxergar o que está posto”.

Para Antonio Carlos Milioli, idealizador do Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos Porta Aberta, visitado pelos calouros do curso de PP na noite do dia 24, quinta-feira, a entidade é atuante na sociedade, trabalha desde a parte da triagem, assistência social e acompanhamento do dependente químico.


Turma de Publicidade e Propaganda

Segundo o aluno de PP Jean Carlos Espindula da Silva, o projeto é muito interessante. “Achei muito interessante o fato de que o entrar ou sair do Porta Aberta, depende do próprio dependente químico, da força de vontade dele e também o fato de ao menos uma das pessoas que trabalham lá já terem tido problemas com drogas, sabe exatamente como é, tem experiência nisso, sabe como abordar, conversar”.

Para Darlete, coordenadora do curso (ouça a entrevista), a participação dos acadêmicos nesses projetos sociais promove a integração com a sociedade e a cidadania, trabalha o lado humano. “O aluno não está aqui só para aprender as técnicas, mas para aprender a cidadania, na hora em que o aluno sai do muro da universidade, ele está exercendo a cidadania, está enxergando a realidade do outro, vendo como a realidade acontece lá do lado de fora, onde ele provavelmente vai trabalhar, seja o curso que for”.

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