sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Profissão de Publicitário

Daiana Carvalho - 2º Semestre

O ofício de fazer Publicidade e Propaganda (PP) vem ao longo dos anos conquistando espaço e mostrando a importância que tem no mercado de trabalho, apesar de não ser obrigatória a graduação universitária para o exercício da profissão.

Para diversos profissionais da área o fato da não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão é um fator muito significativo. “Mesmo sem a obrigatoriedade a universidade dá toda a base que o futuro profissional precisa para entrar no mercado de trabalho”, explica o publicitário e professor da Unisul Diego Piovesan. “As agências, especificamente, valorizam profissionais com algum curso, além do portfólio”, enfatiza.

De acordo com ele, existem diferenças entre um profissional graduado, se comparado com um não graduado. “A universidade é uma vitrine para o mercado. É lá que ele aprenderá tudo sobre propaganda e experimentará, podendo errar, aprendendo com o erro, coisa que o mercado não admite”.

Segundo Piovesan a não obrigatoriedade é negativa para os que se esforçam e fazem uma graduação. “Prejudica quem faz um curso universitário e muitas vezes não entra na vaga porque outra pessoa menos qualificada está. Assim abre brecha para pessoas menos instruídas entrarem no mercado, não evolui, fica patinando em erros que não deveriam acontecer”.

Marcelo Lessa Martins, publicitário e diretor da empresa IDCOM gostaria que a obrigatoriedade fosse exigida e que houvesse uma moralização do setor publicitário. “Qualquer pessoa hoje pode se dizer publicitário, montar uma empresa de marketing, comunicação ou publicidade e sair por aí fazendo anúncios, sites, comerciais, etc., sem ter conhecimento teórico, prático ou experiência na área”.

Lessa acredita que a não obrigatoriedade do diploma é algo que desvaloriza a profissão e as empresas que investem em estrutura, profissionais qualificados, tecnologia e aos próprios profissionais graduados que investiram na carreira. “Sem a obrigatoriedade, a nossa profissão fica marginalizada, sem regras, principalmente nos mercados locais, onde a realidade é muito diferente da premiada publicidade brasileira e dos grandes anunciantes”.

No ponto de vista de Lessa a não obrigatoriedade do diploma prejudica a qualidade do meio publicitário. “Na questão teórica da publicidade e da propaganda, um profissional que aprende por conta própria, com a prática, não tem o conhecimento teórico da propaganda. Um publicitário pode atuar em diferentes áreas, como a criação, por exemplo, onde muitos dizem que para trabalhar com criação basta ser criativo. Discordo. Acho que a propaganda hoje é muito dinâmica e que para um anúncio ou campanha fazer sucesso e atingir seu objetivo é necessário que o publicitário entenda de muitas coisa relacionada ao cliente, ao produto, ao consumidor, as mídias, etc.”.

Formado pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel), em 1995, o empresário acredita que deveriam existir leis onde o veículo de comunicação se enquadrasse dentro daquilo que lhe compete, pois com a não obrigatoriedade profissionais não qualificados em PP passam a fazer funções que caberiam a um profissional qualificado na área e que isto desestimula a novos alunos em fazer uma graduação e prejudica as empresas qualificadas.

“Se todas as empresas fossem obrigadas a contratar uma agência de propaganda para criar as suas estratégias e ações publicitárias, teríamos muito mais agências, mais profissionais trabalhando, mais alunos nas universidades. Cada empresa faria o que é especialista e essa marginalidade e falta de ética da profissão terminaria. Pelo menos eu acredito nisso”, explica o publicitário que atua na área desde 1991.

Para o publicitário e professor de Criação e Planejamento em Publicidade da Unisul, Gutemberg Geraldes, a passagem do acadêmico pela universidade exerce influência no futuro do profissional quando ingressar no mercado. “O que manda no mercado de trabalho publicitário é a criatividade em si, a forma de resolver problemas relacionados aos clientes. O diploma faz do estudante de PP um crítico em publicidade. Desta forma ele saberá ler melhor o mercado e buscar soluções mais rápidas e rentáveis do que profissionais que não passaram pela academia”.

No ponto de vista do professor a não obrigatoriedade do diploma limita possíveis avanços na área publicitária. “O fato de termos avançado econômica e tecnologicamente proporcionou a uma grande parcela da sociedade ter um ‘Personal Computer’ em casa, e com ele, surgiram softwares gráficos que têm proporcionado a venda de produtos de propaganda sem a devida preocupação com a imagem da marca dos clientes. Isso tudo, além de praticar custos inimagináveis para o mercado profissional qualificado, puxa a produção publicitária para baixo”.

Formado desde 2002 em Publicidade e Propaganda pela Universidade Tiradentes, em Aracaju, SE, para o professor Guto, como é chamado carinhosamente pelos colegas e alunos, o diploma em qualquer área não devia ser exigido e, sim, valorizado. “O fato de possuir um diploma não atesta a qualidade de quem o possui, mas sim o fato de ter passado por diversas cadeiras teóricas que canalizam os conhecimentos, além do investimento feito, deve ser valorizado”.

Atuante na área há 12 anos Geraldes relata que são poucos os profissionais que obtiveram êxito na carreira publicitária sem terem passado por um processo de formação e revela certa preocupação quanto ao futuro da profissão. “Em curto prazo a propaganda vai conseguindo sobreviver, mas e em longo prazo? O que será da propaganda regional?”.

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