sexta-feira, 9 de junho de 2006

Jornalista critica o controle político da mídia catarinense

Paulo Liedtke
Professor do Curso de Comunicação Social da Unisul
Doutorando em Sociologia Política/UFSC.

O jornalista Cláudio Prisco Paraíso fez duras críticas ao monitoramento da mídia por parte do atual governo do Estado de Santa Catarina. Proferindo palestra para estudantes de Comunicação Social, na Unisul, em Tubarão, no dia 8 de junho, o comentarista político com mais de 20 anos de profissão, considera-se vítima do controle excessivo do poder público sobre a imprensa catarinense. “Fui dispensado do jornal O Estado e do SBT por pressões políticas”, diz o jornalista, referindo-se indiretamente ao governador licenciado Luiz Henrique da Silveira.


Considera isso uma situação atípica na sua carreira profissional, que o fez pensar em mudar de estado ou de profissão pela dificuldade de trabalhar sem a interferência do governo. Diz que poucos empresários da mídia local conseguem separar a área editorial da publicidade atraente vinda dos cofres públicos. Estima que o Estado investe em propaganda de R$ 50 a R$ 60 milhões por ano. Prisco considera uma “promiscuidade” a relação da mídia com o atual governo, que acaba atingindo vários jornalistas catarinenses. O jornalista Paulo Alceu também foi vítima do governador, sendo demitido da RBS anos atrás. Prisco diz que não vai devolver com mesma moeda ao político catarinense. Atualmente assina uma coluna diária no jornal A Notícia, onde diz estar trabalhando livremente.

Prisco Paraíso considera esses episódios um empobrecimento do jornalismo de opinião em Santa Catarina. Cita o exemplo da Rede Globo, que está proibindo suas emissoras afiliadas de terem comentário político a partir de julho deste ano. O comentarista político Moacir Pereira, recém contrato pela RBS, dificilmente vai estrear na tevê, observa Paraíso.

De fato esta parceria do governo com a mídia poder estar interferindo na cobertura política. Observando dados da pesquisa (aqui) sobre a disputa eleitoral em Santa Catarina, somente no mês de maio percebe-se uma desproporcional visibilidade ao governador. Coincidindo com o período de afastamento temporário do cargo, Luiz Henrique da Silveira esteve presente em 69% das reportagens no jornal A Notícia e 47% no Diário Catarinense. Menções positivas foram 22% no AN e 29% no DC.

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