terça-feira, 30 de outubro de 2007

Stalimir Vieira fala sobre criatividade para alunos de Comunicação Social

Lucas Lemos (4º semestre) e SIC

Criatividade. Para o publicitário Stalimir Vieira, esta é a palavra chave para uma boa propaganda e para consagrar marcas e produtos.



De acordo com Vieira, é necessário estabelecer um raciocínio criativo. Para isto, se deve realizar reflexões. Não há como estabelecer os passos certos a seguir. Cada pessoa cria um método diferente. Para o publicitário, o mais importante é ter atitude diante da vida. Isto revela ação e força de vontade.

Em palestra para os alunos de Comunicação Social, na segunda-feira, dia 29, Vieira passou tópicos que considera importante. Reunido com os universitários no auditório do Cettal, o publicitário destacou a importância de ser curioso. “Com a curiosidade, somos impulsionados a perguntar. Isto nos possibilita um maior aprendizado, um diferencial em relação a quem não é curioso”.

Outro aspecto abordado foi o risco. Vieira questiona "para que aprendemos a andar”? Segundo ele mesmo, quando crianças, engatinhamos para poder ir para a frente. “Quando adultos, devemos ter a mesma idéia. Apesar dos riscos que se tem ao caminhar, não se deve ter medo. O risco é constante na vida das pessoas e é preciso enfrentá-lo”.

Para criar boas campanhas, também são necessárias boas informações. De acordo com Vieira, manter-se informado é sempre uma boa arma. Com notícias, músicas e aspectos culturais atuais, é mais fácil atingir os consumidores. Porém, não basta ter boa informação. É necessário ter sensibilidade. Isto vale mais do que uma pesquisa.

Cases
Após discursar sobre o processo criativo, Vieira revelou os bastidores de quatro campanhas. A primeira foi de um sapato. Em função do curto tempo que tinham para entregar um anúncio, um funcionário da agência onde trabalhava fez o layout sozinho. Porém, a escrita e o formato não combinavam com o produto. Ao ver o anúncio, Vieira deixou somente o sapato na página. “Esta é uma maneira de fazer com que a pessoa foque no principal, o produto oferecido”.

O segundo caso contado foi o de uma companhia aérea de pequeno porte. Para aumentar o número de passageiros, foi investido em um diferencial: uísque 12 anos. Além de não ter nas outras empresas, o produto também deixou os clientes mais a vontade dentro dos aviões.

A história mais cara, contada por Vieira, foi a do MCDonalds. Ao trabalhar em uma agência na Argentina, ele foi encarregado de levantar as vendas de fast food em plena crise econômica do país. Porém, os grandes empresários da franquia não queriam inovar. Até que decidiram gastar milhões de dólares para uma nova campanha. As propagandas foram realizadas no Brasil. O final dessa história termina em tragédia. Enquanto o MCDonalds seguia a mesma linha de propagandas, o concorrente investia em humor e com isso, sempre tinha pessoas em suas lanchonetes. O valor investido pela empresa americana não teve retorno.

Um dos pontos altos da palestra foi a apresentação de uma campanha feita com menos de 50 dólares, em que os funcionários do supermercado cliente faziam o papel de atores, em pequenos filmes trashes. O tosco foi utilizado como argumento e o slogan dizia: “As ofertas são tão boas que não importa que a propaganda seja tão ruim”.

“Em 32 anos de carreira, essa é a campanha que eu guardo. Superamos as dificuldades, no caso os 50 dólares para se fazer uma propaganda, e utilizamos isso a nosso favor. A campanha foi um sucesso”.

Vieira é autor dos livros “Raciocínio Criativo na Publicidade” e “Marca: o que o coração não sente os olhos não vêem”, além de ser co-autor do livro “Propaganda: profissionais ensinam como se faz”.

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